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Ensinando crianças autistas a terem mais autonomia
30 de dezembro de 2024
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Garcez Ranha
30 de dezembro de 2024
Entender as “entrelinhas sociais” pode ser um grande desafio para crianças autistas. Essas entrelinhas incluem aquelas pistas sutis e não-verbais que usamos diariamente, como expressões faciais, tom de voz ou contextos implícitos. Neste artigo, vamos conversar sobre como ajudar crianças autistas a compreender melhor essas situações, sempre respeitando o ritmo de cada uma e valorizando suas conquistas.
As entrelinhas sociais são aquelas mensagens não ditas explicitamente, mas que fazem parte da comunicação. Por exemplo, quando alguém diz “Eu estou bem” com um tom de voz triste, a mensagem real pode ser que essa pessoa não está tão bem assim. Compreender essas nuances é essencial para criar laços sociais, interpretar situações e evitar mal-entendidos.
Para crianças autistas, esse é um terreno que pode parecer confuso ou até assustador. Muitas vezes, elas precisam de um suporte extra para decifrar esses códigos sociais, que podem parecer invisíveis para quem já os entende naturalmente. A boa notícia é que existem formas práticas de ajudar.
Uma maneira eficaz de começar é usar exemplos concretos do dia a dia. Se você perceber uma situação em que as entrelinhas estão presentes, tente explicar o que aconteceu e o que significou. Essa abordagem ajuda a criança a associar o comportamento observado ao seu verdadeiro significado. Além disso, vale reforçar que cada progresso é uma vitória e merece ser reconhecido.
As histórias sociais são ferramentas incríveis para ensinar crianças autistas sobre pistas sociais. Basicamente, elas consistem em pequenos contos criados para ilustrar situações específicas, como entender quando alguém está brincando ou sério.
Por exemplo, você pode criar uma história que mostre uma criança em um parquinho observando duas pessoas conversando. Uma delas está sorrindo e acenando com a cabeça, enquanto a outra parece distraída, olhando para o relógio. Depois de contar a história, pergunte à criança o que ela percebeu sobre o comportamento das pessoas e como isso pode indicar que uma delas está prestando atenção e a outra não.
Você também pode usar livros infantis ou até mesmo desenhos animados para mostrar essas situações. Pare a história em determinados momentos e pergunte: “O que você acha que esse personagem está sentindo? Como você sabe disso?”. Essa é uma forma leve e divertida de explorar as entrelinhas sociais.
Com o tempo, a criança pode começar a aplicar o que aprendeu nessas histórias em situações reais. O segredo é praticar de forma consistente e celebrar cada pequeno progresso. Essa é uma jornada que exige paciência, mas os resultados são transformadores.
Aprender não precisa ser entediante! Existem várias brincadeiras e jogos que podem ajudar crianças autistas a compreender melhor as pistas sociais. Um exemplo clássico é o “jogo das expressões faciais”. Nele, você faz uma expressão – como alegria, tristeza ou surpresa – e pede que a criança adivinhe o que você está sentindo.
Outro jogo divertido é o “detetive social”. Aqui, vocês observam juntos uma cena, seja na vida real ou em um vídeo, e tentam descobrir o que as pessoas estão pensando ou sentindo com base em suas ações e expressões. É como um quebra-cabeça, onde cada pista importa.
Brincadeiras de faz-de-conta também são úteis. Você pode criar cenários simples, como uma ida ao supermercado ou um encontro com amigos, e praticar situações sociais. Durante a brincadeira, explore como as pessoas podem se sentir em diferentes cenários e discuta os sinais que indicam essas emoções.
Essas atividades não apenas ajudam a desenvolver habilidades sociais, mas também fortalecem o vínculo entre você e a criança. Além disso, elas oferecem um ambiente seguro para experimentar e aprender sem medo de errar. Quanto mais interativa e envolvente for a experiência, mais a criança vai se beneficiar.
Ninguém precisa enfrentar essa jornada sozinho. Trabalhar em parceria com terapeutas é uma forma eficaz de ajudar crianças autistas a entenderem as entrelinhas sociais. Profissionais como terapeutas ocupacionais e psicólogos especializados podem fornecer estratégias personalizadas para as necessidades de cada criança.
Porém, a participação da família é igualmente importante. Vocês são os primeiros professores da criança e podem reforçar as lições aprendidas durante as sessões terapêuticas. Por exemplo, se o terapeuta trabalha a interpretação de expressões faciais, você pode continuar essa prática em casa.
A comunicação entre os envolvidos é essencial. Compartilhar observações do dia a dia com o terapeuta pode ajudar a ajustar o plano de intervenção conforme necessário. Além disso, estar alinhado com o profissional garante que todos trabalhem com os mesmos objetivos.
Lembre-se, a colaboração não é apenas para ajudar a criança, mas também para oferecer suporte à família. Entender os desafios e celebrar as vitórias juntos torna a jornada mais leve e significativa.
Por fim, é fundamental lembrar que cada criança tem seu próprio ritmo. Algumas vão absorver essas habilidades mais rapidamente, enquanto outras precisarão de mais tempo e paciência. O importante é não comparar o progresso de uma criança com o de outra.
Respeite os limites e as preferências da criança. Se ela parecer sobrecarregada, talvez seja hora de fazer uma pausa. Por outro lado, se estiver engajada, aproveite para explorar novas situações sociais. Pequenos passos levam a grandes conquistas, e cada tentativa conta.
O mais importante é criar um ambiente de apoio, onde a criança se sinta segura para aprender e crescer. Com paciência, dedicação e muito amor, é possível ajudar crianças autistas a desvendar as entrelinhas sociais e a navegar pelo mundo com mais confiança e independência.
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